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Revoada de Pombos

15/02/2016

Vlademir José Luft

Revoada de Pombos...

Quem de nós já não esteve, mesmo que rapidamente, olhando para os pombos que circulam pelas calçadas e praças de nossas cidades. Se isto é verdade, também seria verdade dizer que já vimos, ou já provocamos, a sua revoada.

Como isto acontece? Bem, estivemos neste final de semana observando e pensando sobre, e para, este fato e foi possível verificar que basta um deles voar, para longe ou para perto, que muitos outros o seguem. Na maioria das vezes sem motivo aparente ou por motivo "fútil". Mantendo a devida proporção, pudemos observar, que a sociedade humana atual está agindo, em todos os seus setores, da mesma forma que os pombos. Basta alguém mudar de rumo, trocar de lado, buscar outro caminho, que muitos o seguem, sem motivo aparente ou por motivo "fútil".

Qual a diferença entre os pombos e os homens? Diríamos que o pombo o faz, como sempre o fez, por instinto, e o homem está fazendo por falta de uma estrutura social, política, econômica, cultural, etc., capaz de montê-lo em seu caminho. Sim, porque esta revoada nada mais é do que uma mudança de caminho, de rumo, de lado.

Quando, lemos um jornal, ouvimos um rádio ou assistimos uma televisão este fato fica mais claro. São políticos mudando de partido após terem sido eleitos, pelo simples fato de que "seu partido" não obteve os resultados esperados; são clubes de futebol demitindo seu técnico porque o jogador "comprado" para resolver o problema da equipe não fez aquele gol de pênalti; são sindicalistas defendendo a política do patrão que demitiu sem justificativa o trabalhador que o elegeu como seu representante legal; são jornalistas apresentando a informação na forma que possa favorecer "fulano" em detrimento de "ciclano"; são pequenos aplicadores fazendo investimentos financeiros por conta de um boato "plantado" por alguém que deve lucrar.

Estes exemplos, e dezenas, talvez centenas, de outros poderiam ser citados, mas o que mais importa é que cada um deles está levando consigo um sem número de pessoas, muitas vezes segmentos inteiros de nossa sociedade.São levados para algo que talvez não lhes interessasse se estivessem bem informados ou fizessem parte de um sistema socio-cultural onde o homem fosse o agente principal. Quantos de nós estão consumindo produtos que não usam, que não necessitam, que não querem, mas que são consumidos por alguém considerado "melhor".

Tem sido assim com os setores menos favorecidos da sociedade que, infelizmente, são de fácil manipulação. Não por serem desprovidos de senso crítico, mas porque são crentes no outro, nas mensagens de sua sociedade, de seus políticos, de seus artistas, de seus pesquisadores.

Descaracterizados social e culturalmente, fazem, como os pombos: constantes revoadas sem motivo aparente ou por motivo "fútil". Isto é justo? Isto é correto? Já não seria hora de salvarmos nossa cultura, ou quem sabe de salvarmos a própria espécie humana?

(setembro de 1998)

Publicado em 30 de outubro de 2009 - http://blogdoprofessorluft.blogspot.com.br/search?updated-min=2009-01-01T00:00:00-02:00&updated-max=2010-01-01T00:00:00-02:00&max-results=7

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