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Passando o Tempo - Prof. Luft

07/07/2016

Vlademir José Luft

 

Passando o tempo

Pode parecer presunção de nossa parte, e talvez seja, querermos falar sobre uma questão que na verdade é uma questão da Física, e quem sabe da Filosofia, quando não somos nem físico, nem mesmo filósofo. Dessa forma, para abordarmos o tema, alguns pontos merecem destaque. O primeiro deles é o fato de que, quando falamos do tempo, esquecemos que sua estrutura tem apenas dois momentos: o passado e o futuro. O segundo é que sua “contagem”, da forma como a conhecemos e admitimos, esta associada aos conceitos sociais com os quais convivemos, enquanto seres humanos, em nosso percurso histórico. A prova disso, são os diversos calendários com os quais convivemos em nosso caminhar histórico. Admitindo que passado é o que passou e que o futuro é o que esta por vir, o presente não existe senão por medidas sociais de tempo e que contêm nelas apenas o passado. Esta visão, de apenas dois segmentos de tempo: passado e futuro, está pensada de forma que o tempo que passou, seja ele segundo, minuto, dia, lua, mês, ano, década, etc ... já é passado, portanto vivido, e o futuro, são estes mesmos atributos, mas que ainda não chegaram, portanto, estão por ser vividos. François Dosse, eminente historiador francês, ao estudar Paul Ricoeur e sua abordagem sobre o tempo, considera sua existência, do tempo, sobre três fundamentos: o histórico, o cosmológico e o íntimo. É dessa forma que “O presente do passado é a memória, o presente do presente é a visão, o presente do futuro é a expectativa. Portanto, só há futuro e passado por meio do presente.”. Parece contraditório de nossa parte, defendermos a inexistência do presente, senão por ação social do homem, e fazermos uma citação onde justifica-se a presença do presente. Isso é para justificar que o presente é um segmento de tempo mensurável e determinado por cada um de nós, dependendo do segmento social ao qual pertencemos. Hoje, agora, este ano, etc ... são medidas existentes para cada um de nós na medida em que a necessitamos, embora no hoje tenhamos apenas segmentos de passado e de futuro. Esta reflexão se faz necessária, apesar da aparente aridez e esterilidade do tema, na medida em que nossa postura tem por entendimento que o que passou não pode ser alterado, portanto temos que conviver com sua conseqüência, e o futuro pode ser modificado na medida em que aprendemos com o passado, com o vivido. É assim que a memória, que é histórica, é nosso principal atributo para medir e viver o presente. Viver o presente, que é passado, nos faz ter uma melhor perspectiva do futuro, evitando desgastes e erros que por ventura tenham feito com que nosso caminhar, histórico, seja repetido.

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