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Estêvão, um homem a frente de seu tempo - Pr. Marcos André

18/03/2016

Pr. Marcos André - OBPC Nova Friburgo

O livro de Atos revela como o cristianismo foi gradualmente rompendo com judaísmo, até tornar-se uma igreja completamente livre de práticas judaicas. E a primeira evidência dessa ruptura ocorre como resultado do ministério de Estêvão.

Em sua condenação por apedrejamento, Estevão foi acusado de falar contra o templo e a Lei de Moisés. E em sua defesa, ele não tentou provar a falsidade dessas acusações. Tanto que muitos estudiosos concluem que Estevão foi o primeiro a compreender, na verdade, que a adoração no templo e a observância da Lei não eram mais necessárias para os judeus cristãos.

Mas a capacidade de compreender verdades por antecipação rendeu a Estêvão um segundo pioneirismo: o martírio. Uma morte brutal foi o prêmio de um homem que estava à frente de seu tempo: “Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo” (Atos 7.57,58).

Mas a despeito desta morte trágica, Estêvão pode ser considerado o personagem que teve o final mais glorioso na Bíblia. Ao relatar o seu martírio, Lucas destaca algo muito interessante: Jesus em pé, à direita de Deus: “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (Atos 7.55,56).

Surpreendentemente, essa é a única vez em que Jesus aparece em pé, após a sua ascensão. No Novo Testamento, existem inúmeros textos que afirmam que Ele se encontra assentado à direita de Deus. Somente o autor da Carta aos Hebreus confirma essa informação por quatro vezes (Hebreus 1.3; 8.1; 10.12; 12.2). Mas o que Jesus estava fazendo em pé na visão de Estêvão? Ao que tudo indica, Jesus levantou-se tão somente para recepcionar de modo honroso e digno o primeiro mártir da fé. Que privilégio maravilhoso: chegar aos céus e encontrar Jesus o aguardando de pé!

Mas, ministerialmente, quem foi este homem a receber esta honra sem igual?

Os sete homens selecionados para auxiliar os apóstolos são popularmente chamados de diáconos, mas esta designação não lhes é dada no texto bíblico. Crê-se que neste primeiro estágio da igreja ainda não havia um cargo técnico para o diaconato. Evidência disso se encontra no capítulo vinte e um de Atos, quando Paulo pernoita na casa de Felipe durante sua passagem por Cesaréia. Nesta ocasião Felipe não é identificado como diácono: “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele” (Atos 21.8).

         Essa confusão acontece porque a palavra grega traduzida por ministério no primeiro versículo de Atos seis é diakonia. Mas a melhor descrição a ser dada aos selecionados seria diáconos de coração: homens desprovidos de títulos formais, mas desejosos de servir ao Senhor.

Observe, então, que o único homem que motivou Jesus a pôr-se de pé, antes que o Pai colocasse todos os inimigos por escabelo dos teus pés, não se tratava de um apóstolo e nem de um dos patriarcas. Na verdade, ele não era nem mesmo um diácono. Estêvão era tão somente um dos sete que se levantou no meio da igreja com o propósito de servir.

Que o exemplo deste homem sirva de inspiração a todos aqueles que desejam desenvolver um ministério frutífero e contemporâneo, mas sem abrir mão de sua verdadeira essência: a Paixão por Servir.

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